terça-feira, 11 de novembro de 2014

 Tenho refletido sobre o silêncio e solidão, talvez por falar demais. De alguns dias pra cá, alguma coisa  a cimentou a minha essência e me vejo perdida num mar de palavras tão profundo, que afoguei-me e não quero falar desnecessariamente.
Por curiosidade fui ler sobre meu poeta favorito, Manoel de Barros.
Eu não sabia que o Bernardo era MUDO.




"...Folheando o livro de registros do asilo, a religiosa Marlene Barbosa da Silva, uma das supervisoras, localiza a ficha de Bernardo Vieira da Silva, que Manoel de Barros trata por Bernardo da Mata nos livros. Consta o nome da mãe, Benedita Vieira da Silva; a cidade de origem, Cáceres, no Mato Grosso; e os responsáveis por ele: Stella e João Leite de Barros. A data do nascimento registrada, 7 de fevereiro de 1916, mesmo ano de Manoel de Barros, é duvidosa. Irmã Marlene admite que, em meados dos anos 1990, foi feito um mutirão para confeccionar certidões de nascimento para idosos que ainda não tinham, a fim de ajeitar para eles uma aposentadoria. “Como muitos não sabiam a própria idade, perguntávamos para algum parente ou para um patrão e fazíamos o registro com aquela idade imaginada”, diz ela.
Bernardo é lembrado pela freira como um “vô” quieto, que andava com os pés abertos, arrastando os chinelos. “Não dava trabalho nenhum e comia um prato bom, apesar de não ir ao refeitório como os outros. A gente levava a comida onde estivesse.” Manoel de Barros recorda os pedidos de jornalistas de Campo Grande para conhecer Bernardo, quando souberam que ele estava na cidade. “Alguns insistiram e eu levei lá para conhecer e tirar fotografia do Bernardo. Ele dava cada risada. Ele ria de tudo, era uma alma excepcional. Era só alma, não tinha corpo.”
A parte mais agradável do asilo é o pátio próximo à entrada com pés de manga muito altos, de troncos grossos. À sombra deles, há mesas e bancos em que os hóspedes do asilo jogam cartas, conversam, leem. Bernardo nunca ficava ali. Preferia os fundos, especialmente o canto esquerdo da varanda vazia, em frente a um quintal com coqueiros, árvores de amora, jaca, mamão, maracujá e abacate. A grama nessa parte está alta e, do canto de Bernardo, logo a vista chega ao muro dos fundos do terreno e à parede do alojamento feminino, mas passarinhos e borboletas amarelas ainda visitam o lugar.
Bernardo buscava sempre estar só. “Procurei por meia hora uma foto dele nas comemorações que fazemos, mas não tinha nenhuma. Cheguei a levá-lo pela mão à missa uma vez, mas, alguns minutos depois, vi que ele tinha saído”, lembra-se a religiosa. Lá, confirmamos que o dono da voz poética mais vigorosa na obra de Manoel de Barros e quem soube comunicar valores que formataram a poesia dele só expressava suas vontades com sinais da mão ou com os grandes olhos. Bernardo era mudo. Lúcia Castello Branco pensa que isso é a confirmação da poesia. Em um programa inusitado, 15 anos atrás, ela passou uma tarde em silêncio com Bernardo e Manoel. “Poesia é quando o silêncio fala. Manoel faz o silêncio de Bernardo falar, dá um estatuto poético para o silêncio dele.”...

 Trecho extraído do link:  http://www.revistabrasileiros.com.br/2013/01/o-poeta-e-bernardo/#.VGI7hsneLcY
imagem:  empsicologiaessencial.blogspot.com

terça-feira, 22 de outubro de 2013



O deserto que tenho dentro de mim é vasto, olho ao redor enxergando dunas que fazem trepidar lá na imensidão de mim mesma meu estado solitário de ser. Olhos ao céu, imensidão a vista. Medo de que? Medo de quem? Todos temos um leve ou agravado Breu em nós mesmos, porém, temos também luz e sombra. Mas tudo é tão rápido e dinâmico, mal conseguimos aferir nossos sentimentalismos, pois o mundo desvia nosso olhar nos cobrando atividades que não importam emergencialmente, mas, que nos iludem dando-nos uma perspectiva de continuidade no amanhã ficcional, que não existe, que se traveste em esperança numa tentativa vã e frustrante de nos eternizarmos.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

 

Não.
Não é um copo de cerveja, é um copo de café.
Atualmente a minha natureza está tão centrada, que nem para o copo de cerveja eu tenho olhado.
Estou como gaiola vazia, como trapo de mendigo.
Copo sem nada, prato usado na hora do almoço.
Vestido, que está no cesto de roupa suja para ser lavado.
Estou como a placenta, depois que o filho nasce.
Estou como os objetos após o seu uso.
É só neste momento, que o objeto ao contrário do que imaginaríamos e sentenciaríamos ganha o seu real valor, porque ele se pôs ao uso e cumpriu o seu propósito.
Pela primeira vez me sinto zerada.
Esse contato com oque sou, encontrando-me no marco zero, torna evidente minha imagem refletida no espelho, sinto o impulso energético que me conduz a ilha da solidão, onde habitam as duzentas “ampulhetas” que gritam e me chamam e me rasgam por dentro, mas que me constituem inteira.
Soninha Ampulheta.

Imagem: Internet


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

LUTO

A nossa cultura nos diz que a alegria constante é especial.
Olho ao meu redor, penso na imensidão do espaço, e não consigo reconhecer outra coisa no ser humano que seja tão dedicado ao prazer.
Nós nos perdemos na busca contínua do prazer, nos esquecemos que desejo, necessidade e vontade não são a mesma coisa.
Aprendemos que quando nos sentimos um pouco infelizes devemos ingenuamente rezar, racionalmente ir a um psicólogo, psiquiatra (ou os dois) para tomarmos a pílula do esquecimento, ou a pílula da alegria, imprudentemente e ilicitamente usar drogas ou licitamente tomar uma bebida que nos dê prazer.
A pergunta é quem quer sofrer?
Somos uma cultura que detesta sofrimento, e que tem medo dele. Não estou dizendo "vamos curtir um sofrimento". prefiro mil vezes a aprender com alegria.
A Alegria é uma grande mestra, mas o desespero também.
O Assombro é um grande mestre.
A Esperança é uma grande mestra.
Mas a Desilusão também.
E A Vida é uma grande mestra, mas a Morte também!
Negar-se algum desses-qualquer aspecto- é não experimentar a vida.
Não conhecemos o valor do dinheiro, o valor da doença, o valor da fome.
Não compreendemos o valor da dor.
Não compreendemos o valor da Morte.
Poderíamos nos tornar pessoas internamente mais exepcionais, grandiosas, se nos permitíssemos aprender com esses sentimentos. mas, temos medo do desconhecido, da solidão, da incerteza, existe a insistência em viver apenas a superficialidade do mundo.
Eu? Vou ali aprender com o LUTO.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Meus devaneios recaíram sobre uma mulher que esteve comigo em uma reunião e houvera descrevido que morou em um Kibutz em Israel, que trabalhava em uma Unidade Municipal de Educação Infantil desenvolvendo atividades relacionadas à arte/educação.
Gostei da forma com que ela falou sobre a necessária laicidade que deveria existir nas escolas por se tratarem de Orgãos Estatais. E o Estado deveria ser laico.
Falou-nos sobre suas intervenções em empresas, e como suas danças em círculo intervinham e eram contratadas pelas mesmas para aliviar o Estresse dos funcionários, (eram danças pagãs, eu mesma dancei com ela, e foi uma experiencia indescrítivel).
Quis procurá-la na época, mas senti receio. Receio de que um novo contato a tornasse menos inspiradora do que houvera se tornado naquele momento, e aquele momento que o Universo trouxe, por si havia bastado.