segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sem Título


Hoje estou com traços característicos do estar/reconhecer a crise.
Ela me inunda e me alivia como a chuva ao cair da tarde.
Sinto fogo dentro de mim.O meu demônio não me deixa domá-lo.
Sinto fogo e frio ao mesmo tempo.
Entro em qualquer cômodo e olho para cima, procurando o melhor local para pendurar minha corda e me enforcar
Sinto como se houvesse mais para ver, semear, colher e o culpado disto tudo é meu corpo que me retêm.
A pele queima, a palavra queima, a escrita alivia.
Gosto da crise é quando não ajo é quando me reconheço, é quando vejo minha irmã a loucura que me arrebata, a sensações indeléveis.
Quero falar sobre algumas coisas, mas o tempo é curto.
A 1º é que "essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura" C. Bukowski.
A 2º é que lembrei-me então de um texto de Hannah Arendt, que fala sobre a amizade, está no livro Homens em tempos sombrios, houve um dramaturgo ,Gotthold Ephraim Lessing, crítico de arte dedicado a estética que viveu na Alemanha no século 18, e foi nele que ela se baseou para escrever o que vou escrever abaixo.
Lessing afirmava que o lugar da verdade era onde as pessoas podem, cada qual, dizer às demais o que “acha que é verdade”, frase que, lembra Arendt "é praticamente impossível na solidão"poder efetivamente cada um dizer o que “acha que é Verdade.Para autora, tanto une como separa os seres humanos, estabelecendo aquelas distâncias (entre as pessoas) que, juntas, compreendem o mundo.
Nesse espaço intermediário, no qual cada pessoa se sente livre e confortável para poder dizer em confiança ao amigo “o que acha que é verdade”, é que se constitui verdadeiramente a amizade, constituindo o mundo em sua humanidade e propiciando a busca conjunta da verdade.Por isso qualquer doutrina ou princípio que tentasse barrar a possibilidade de amizade entre dois seres humanos corresponderia a eliminar as possibilidades da pluralidade e, assim, a eliminar o mundo.
Ao lembrar que Lessing permitiu entender “a relevância política da amizade” (Arendt, 1987, p.31), Arendt afirma que “a humanidade se exemplifica não na fraternidade, mas na amizade; que a amizade não é intimamente pessoal, mas faz exigências políticas e preserva a referência ao mundo [...]”. A ênfase na fraternidade seria ênfase no mesmo, no homogêneo, reduzindo a pluralidade à singularidade. Porque não busca a identificação de um com o outro, que só interessa à esfera privada, da amizade tomada em sentido mais íntimo e afetivo, a amizade, nesse sentido político, permite a manutenção da diferença e da diversidade, fomentando o diálogo e o debate em campo público. Por isso, a amizade,nesse sentido político, pode ser considerada a base da humanização do mundo e da democracia, não exigindo concordância e homogeneidade, mas, ao contrário, possibilitando abertura para a pluralidade,que se manifesta no diálogo em confiança e na busca da verdade pelo debate.
Assim entendo este espaço e é por isso que exponho “o que acho que é verdade”neste blog. É por isso que os reverencio com palavras não muito agradáveis de serem lidas.Aqui é meu canto da verdade.Ou da mentira se a mentira estiver disfarçada da verdade.
Os meus pensamentos estão rápidos demais e meus olhos estão lacrimejados demais ...
Algumas pessoas estão comigo, mas o poder de decisão é meu e é por isso que sinto essa dor que é só minha e de mais ninguém...o mundo está cheio mas estamos sozinhos.É bom saber que existe um lugar em nós mesmos onde nos encontramos com ninguém.


Um comentário:

  1. como mesmo disse no final do post, vc tem que ser soberana nas suas decisões, mas saiba (e eu sei que sabe) que estou contigo...

    Beijos amor!

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