sábado, 26 de julho de 2008




Não tinha forças para levantar-se desta cama.
Olha pra ela e não se vê.
Vai ao espelho e não se enxerga.
Sente seu coração bater, seu pulso pulsar e deseja morrer.
Escova os dentes com má vontade, toma banho quase que intacta.
Pensa no seu dia, e chora, chora por que seu desespero é nato.
Olha ao redor e se debate, não sente desejo de prosseguir, senta-se à mesa do café da manhã e pega o garfo, ele em sua mão retine, reluz, com ele em seu poder sente um desejo grandioso de rasgar-se , cravar o mesmo no punho para que veja o seu rubro sangue tilintar, manchando aquela mesa bem posta.
Cortar-se... é o que ela quer...cortar e sentir a dor externa vim e ofuscar sua dor interna, latente, incômoda, que insiste em acompanhá-la.
Alimenta-se almejando que naquela refeição tivesse veneno.
Vai até seu quarto e se bate no rosto, se morde, quer atirar-se contra a escada na hora da sua descida...se lembra de sensações remotas, de lembranças naquele mesmo ambiente.
Onde quer que ela se encontre a angústia a persegue.
Queria estar num estado de inconsciência constante porque para ela a loucura na mais fina palavra é uma forma de abdução.
A rotina a machuca.
A sobrevida a corrói.
Segue escondida em sua própria sombra como uma anônima.
Quem a vê não percebe, sequer imagina que ali mora a verdadeira essência, que os comprimentos, os sorrisos fazem parte da enorme máscara que ela utiliza para tampar o próprio vazio.
Ela é o paparazzi de si, observa seus comportamentos, pronta para apertar seus flashes em busca das falhas que deixaram seus fiéis comportamentos passar, para ela ninguém tem que reconhecer o monstro de si mesmo, é um segredo dela, só dela de mais ninguém.

2 comentários:

  1. E quantas veses não nos tornamos imperceptiveis aos olhos alheios?
    E se de vez em quando nos estivessemos com a auto-estima baixa, e só por carencai, só pra causar, crescemos e aparecemos...

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  2. "Se ninguém olha quando você passa
    Você logo acha
    Eu tô carente, eu sou manchete popular
    Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice
    Dessa eterna falta do que falar
    Se ninguém olha quando você passa
    Você logo acha
    Que a vida voltou ao normal
    Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
    É a mesma vida sempre igual
    Se ninguém olha quando você passa
    Você logo diz: "Palhaço!"
    Você acha que não está legal
    Corre todos os perigos, perde os sentidos
    Você passa mal"
    É exatamente o que o Cazuza de certa forma diz nesta música.

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