quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A arte de me enlouquecer

Tinha que escrever uma notinha sobre o meu aniversário.
Pode parecer que no fundo eu gosto e por isso respondo as indagações que surgem ou surgiram ou surgirão no decorrer do tempo.
Com tudo resolvi me indagar.
Porque não gosto de fazer aniversário?
É por que estou ficando mais velha?É pra chamar atenção?É a minha incapacidade de entender e agradecer o dom de ter nascido?É frescura de uma mocinha cheia de fricotes e de não me toque?É rabugice em excesso?É porque sou “Blasé”?
Não gente não é nada disto... e isso aqui não é uma justificativa para vocês...é uma justificativa pra mim mesma...não tenho problema com minhas rugas, nunca tive...as cultivo com carinho e atenção para que eu não seja confundida com um maracujá de gaveta daqui há alguns anos...o problema não é idade.
Não é para chamar atenção...Se eu quisesse chamar atenção sairia daqui com uma melancia na cabeça como muitos fazem no dia do seu aniversário anunciando “Darei uma festinha meu bem...conto com sua presença...e toma o papelzinho com o nome dos quitutes que você terá que levar para eu me sentir mais gente...ou mais humana.”O que acontece e que me irrita é que se minha intenção é de não chamar atenção...tem sempre um filho da puta que descobre que você está fazendo aniversário, fuçando por exemplo o arquivo onde ficam os documentos relacionados a contratação, onde adormecia lá a data de nascimento de uma simples mortal...se antes adormecia, agora permanece muito desperta com letras garrafais e marca texto, anunciando os aniversariantes do mês...o que me obriga a dar um jeitinho de imprimir um anúncio igualzinho sem o meu nome na lista, mas tem sempre alguém que registra o seu nome só pra encher seu saco.
Não é por não gostar da vida.
Gosto de viver, mas gostar ou não de viver independe de gostar ou não de aniversário, o calendário é calendário não vou viver a mercê de um controle de dias que durante o período Juliano durava dez meses , e que depois que passou a ser gregoriano, que depois passou a ser romano com a regulação atual. Meu tempo é existencial, e se você me perguntar formalmente quantos anos tenho, lhe responderei que tenho trinta. Mas e o fator existencial? De quantos anos sinto ter, de quantos anos pareço ter, quantos anos minha maturidade me diz ter.
Por que não comemorar pra mim mesmo o dom de ter dado conta mais um dia?Ter dado conta dos meus projetos e anseios ou por ter vivido uma derrota dignamente. Deveria eu esperar 365 dias para dizer a mim mesma, parabéns você brilhou?Faço aniversário todo dia... todo dia eu nasço, todo dia eu morro.
Diante destas contestações me dei conta que não gosto do meu aniversário, como do Natal ou do Réveillon, porque não gosto da obrigação de estar feliz com hora marcada. Não saio para qualquer coisa no meu aniversário porque é meu aniversário, é porque saio o ano todo mesmo e bebo bem durante a semana da mesma forma que no final de semana.
Não me ridicularize com felicitações por causa desta demência que criaram.
Sei que sou especial, não preciso de beijos , abraços ou tapinha nas costas, me felicitando por sei lá o que.
Bom...por enquanto é só.
E vamos ver se este ano a coisa muda!

2 comentários:

  1. Tá certa, mesmo porque o calendário cristão juntamente com a religião cristã e seus dogmas alienadores e ultrapassados nos usurparam seja em relação a alquimia, astrologia, festivais, celebrações ou rituais com suas pseudo-datas comemorativas e para nós sempre falhou em tentar explicar a abstração de alguma realidade temporal ou não, salve a supraconsciência! Salve a liberdade de ser o que quiser e de pensar como quiser! Salve Pagã! Te admiro pra caralho!

    Seu amigo cunhado Pagão!

    Mandos Serengûl.

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  2. Pô véi...
    E não é que o pagão me emocionou?
    Hail!!

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expressem-se!!