quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Recital de Poesias

Hoje o Anderson me acompanhou, e foi especial para mim assistir Arnaldo Antunes recitando poesias para nós dois e um público adverso:
O espaço da frente para os “Picas grossas” e o espaço de trás para a ralé...e eu lá, eu na quarta fileira...o Anderson ficou de olho no lugar que estava reservado para os professores que não foram...deviam estar ocupados no buffet que estava escondido lá atrás com garçon e tudo meu(a) filho(a).Privilegiada assisti tudo muito bem, obrigada!
Em homenagem ao momento deixo aqui uma letra do Arnaldo, que adoro!




Qualquer
Traço, linha, ponto de fuga.Um buraco de agulha ou de telha.Onde chova.
Qualquer pedra, passo, perna, braço.Parte de um pedaço que se mova.
Qualquer
QualquerFresta, furo, vão de muro.Fenda, boca onde não se caiba.Qualquer vento, nuvem, flor que se imagine além de onde o céu acaba.Qualquer carne, alcatre, quilo, aquilo sim e por que não?Qualquer migalha, lasca, naco, grão molécula de pão.
Qualquer.Qualquer dobra, nesga, rasgo, risco.Onde a prega, a ruga, o vinco da pele.Apareça
Qualquer.Lapso, abalo, curto-circuito.Qualquer susto que não se mereça.Qualquer curva de qualquer destino que desfaça o curso de qualquer certeza.
Qualquer coisa.Qualquer coisa que não fique ilesa.Qualquer coisa.Qualquer coisa que não fixe.






Em forma de música, versos e imagens, e depois em conversa generosa com a plateia – ao vivo e com a ajuda de telões –, Arnaldo Antunes esteve presente no campus Pampulha para a apresentação promovida pelo ciclo Sentimentos do Mundo.Ao fundo, durante todo o tempo, imagens projetadas marcadas por certa distorção e referência constante a água e ondas.Depois de cerca de 45 minutos, ele jogou no chão a última folha de papel – ao fim de cada texto, ele se desfazia da respectiva cópia. Era o sinal de que a performance chegava ao final.
Arnaldo Antunes começou a responder as perguntas do público dizendo que trabalha com muito rascunho. “Primeiro vem um insight, mas criar é também reler, editar, lapidar, refazer.”
Sobre o efeitos sonoros, incluindo sua própria voz em off, Arnaldo disse que eles inspiram sua leitura. “Os recursos não são enfeite. O universo digital tem uma série de respostas em busca de perguntas”, ele disse. Lembrou que suas performances exploram o terreno movediço da fronteira entre poesia e música. “Algumas canções são ditas como poemas, e a melodia está presente quando leio.”
Arnaldo afirmou que as diferentes linguagens têm trânsito fluente em sua arte “porque envolvem a palavra como elemento de interseção”. E se declarou interessado em desfazer qualquer separação de territórios. “Não compartilho, por exemplo, com o preconceito sobre a música popular, que seria entretenimento, em oposição à poesia, mais culta”, ele disse.
O artista afirmou, por fim, que não cria pensando na reação do público, e que escolhe palavras mais simples ou mais complicadas apenas de acordo com o que pede o texto. “Mas procuro ser preciso, conciso, e dessa maneira busco a simplicidade.”
























Um comentário:

  1. Gostei muito tb Soninha. Obrigado pelo convite e pela possibilidade de te acompanhar, fora o almoço que sempre é bom qdo estou com vc, e ainda as palavras no folder que vou guardar com carinho.
    Beijos!
    É nóis Soninha!

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